segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Cordel Contra o Preconceito ao Nordeste

Minha gente eu resolvi fazer esse novo cordel
Para dizer que eu sou contra todos esses preconceitos
O Brasil não pode viver assim desse jeito
Somos partes de um país que juntos formam um só
E por que tem gente que fica se achando melhor

O Brasil é dividido por várias regiões
Mas é só uma questão geográfica e não coisa de eleições
Devemos respeitar sobretudo as diferenças de opiniões
Que viva a festa da democracia e a paz nos corações
O Brasil tem uma cultura rica, somos bem miscigenados
E quando se trata de preconceito não podemos ficar calados

Por que falar mal do nordeste
Se aqui é palco de tanta cultura
Pois na literatura somos cabra da peste
Não há quem não reconheça um dos nomes que vou citar
Preste bem atenção no que eu vou falar

Começando pela Clarice Lispector
Que viveu sua infância aqui no nosso Recife
Publicando diversos livros entre eles a hora da estrela
E isso não é suficiente pro povo deixar de falar besteira

Vou-me embora pra pasárgada, la sou amigo do rei
Como deixar de falar em Manuel Bandeira
Grande poeta literário nascido no Recife
Sendo considerado o mais lírico dos poetas
Escreveu diversos poemas de uma riqueza completa

Pois então eu vou falar de Patativa do Assaré
E eu espero que você saiba bem como é que é
E suspeitando que não saiba eu vou dizer pra você
Foi um grande poeta popular aqui do Nordeste
Repentista de mão cheia lá das bandas do Ceará
Vou explicar só mais um pouquinho pra quem nunca ouviu falar
Foi ele quem retratou a vida do homem nordestino
Ressaltando sua cultura dando então assim mais brilho

Alguém aí por acaso lembra do Rei do Baião
É o grande Gonzaga que retratou bem o sertão
Falando da seca do homem nordestino, do povo carente
Com sua música Asa Branca bem viva em nossa mente
Além disso foi o maior sanfoneiro que o Brasil já teve
Nascido em Pernambuco, na cidade de Exú
Depois se espalhou tocando de Norte a Sul

Você que fala mal do Nordeste
Já ouviu falar em João Cabral de Melo Neto
Nascido aqui no Recife, em solo pernambucano
Antes de sair criticando procure se informar
Como é a cultura daquele determinado lugar
Pra falar deste sujeito vou ter que citar pelo menos duas obras
O Cão sem Plumas e Morte e Vida Severina
Só você dando uma lida pra ver como termina
Ele é um poeta do modernismo Brasileiro
Tendo sua obra conhecida por aí no mundo inteiro

Se por acaso estás pensando que isso aqui já terminou
Eu digo que não, não sinhô
Pois ainda falta eu citar
O paraibano Ariano Suassuna
Misturando o erudito e o popular
Isso que é saber juntar
Deixou um grande legado em nossa literatura
Criando o Movimento Armorial, sim foi ele criatura
Impossível não citar sua obra mais conhecida
Intitulada O Auto da Compadecida
Que foi até transformada em filme
Pra nunca ser esquecida

Agora eu falo um pouco do Capiba
Heita pense num grande artista
Nascido no Agreste pernambucano, na cidade de Surubim
Mesmo depois de sua morte sua música não chegou ao fim
Nem sei se você aí conhece
Mas bem que tu gosta de cair no frevo aqui no carnaval de Recife
Sem saber que dos nossos, ele foi um dos maiores compositores
Frevos como Madeira que o Cupim não Rói é dele a autoria
Por isso fica calado se tu mermo não sabia
E digo: não mexa com o nordeste e não estamos sós
Por que nós somos madeira de lei que cupim não rói

E como não citar
Um grande romancista da nossa literatura
Por nome José de Alencar
Que veio lá do Ceará
E olhe, eu vou te falar
O cara era de mão cheia
Escreveu diversos livros
Todos eles de sua veia

Entre eles, Senhora, Iracema e O Guarani
Retratava muito o índio e o sertão do Brasil
Trazia consigo características regionalistas
Esta é só um pouco de sua lista
Porque eu sei, vai muito mais além
E aqui eu só estou resumindo
Pra que vocês assim me ouvindo
Seja contra o preconceito

Nordestino é povo sabido
Educado que tem cultura
Agora tu fica sentado nessa cadeira dura
E num vai nem pesquisar
Sobre a história do Nordeste
A gente aqui não merece ser discriminado

Cada região tem sua cultura e seu sotaque
Por isso eu te peço de verdade
Respeita o nosso oxente
Como nós respeitamos os seus modos
Num precisa propagar o ódio

Vamos nos unir por um Brasil
Melhor pra todos igualmente
Eu sei que não vai ser de repente
Mas desse jeito num dá não
Sem humilhar o outro ao chão

Vamos é levantar a mesma bandeira
Com ordem e progresso
Ficando bem mais perto
Pra que seja feita a união
De toda a região
Sem importar a religião
O que vale é o coração
Do povo Brasileiro
Unidos por um país inteiro
e não pela metade
Pra que tanta dificuldade
De reconhecer tudo isso
Aceitar as diferenças
E deixa de desavenças

O nosso Brasil é lindo, tem cultura e tem historia
A luta marca nossa trajetória
Por isso te peço agora
Deixa desse preconceito bobo
De discriminar o nordeste
Nós somos cabra da peste
E respeito aqui merece.

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